Falta de empatia nas organizações...onde foi parar o RH?


Nesse início de ano, a falta de empatia dentro das organizações ficou mais exposta do que nunca. E a maior expoente nessa demonstração de frieza organizacional foi a Vale. Após mais uma ocorrência com consequências drásticas, primeiro em Mariana e agora em Brumadinho, a empresa continua a assumir uma postura cínica perante as enormes perdas humanas e ambientais decorrentes dos seus descuidos e falta de competência na realização de suas atividades básicas. E, de forma inacreditável, ainda existem pessoas que tentam defender essa total falta de humanidade imposta pelos funcionários da organização.

Esse é um dos muitos acontecimentos que vivenciamos diariamente onde os representantes da organização demonstram um afastamento gigantesco da realidade vivenciada por seus stakeholders. Um afastamento que beira a psicopatia! Pessoas que, quando vestidas em seus papeis organizacionais, demonstram uma insensibilidade tremenda às emoções, ao sofrimento vivenciado por centenas, milhares de pessoas. Sofrimento originado por suas decisões erradas, decisões que consideram unicamente o lucro econômico.

A pergunta que surge é: Onde estão os RH's? O que estão fazendo para mudar essa realidade? Por que deixam tantos psicopatas entrarem na organização e galgarem os postos mais altos?

Diversas pesquisas correlacionam o alto nível de poder obtido nos cargos das grande organizações com um baixo nível de empatia. Não se sabe se as pessoas com menor empatia tem mais sucesso no mundo corporativo ou se, ao galgar cargos mais altos, as pessoas vão se afastando dos outros e diminuindo sua capacidade empática. O que sabemos é que o resultado é a construção de um modelo de negócios frio, calculista e desumano. O que sabemos é que essa situação coloca em xeque o futuro de marcas sólidas. O que sabemos é que pessoas sofrem por escolhas mal feitas dentro das organizações. E não podemos fechar os olhos para essa realidade. Não podemos mais negar que o ambiente empresarial está doente.

Os sintomas dessa doença são muitos, como o alto nível de utilização de drogas entre os executivos,  assédio moral e sexual, pornografia, depressão, ansiedade, suicídios... Essas pessoas formam um grupo onde o dinheiro é visto como um substituto para a falta de relacionamentos saudáveis. São pessoas adoecidas que estão matando outras pessoas, matando o meio-ambiente, matando sonhos, tudo para gerar mais lucros, pois sua recompensa emocional é serem estimados pelos sócios do negócio. Já passou da hora de estabelecermos bases não só técnicas, mas comportamentais para contratar e promover pessoas. Pessoas do RH... é preciso mudar a maneira de realizar seu trabalho. É preciso começar a tratar gente como gente! 


Comentários

  1. Olá, Júlio, seu alerta é importante. Mas, é necessária a atuação de um conjunto de atores. Sou um RH que busca fugir da normalidade...tenho o privilegio de trabalhar num local que tenho apoio da diretoria, mas muitos colegas de RH não tem a mesma sorte!
    Que aqueles que podem, se motivem com seu alerta...por mais humanidade no mercado de trabalho!

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    1. Não há dúvidas! O Rh somente não pode mudar todo o conjunto. Mas, por ser o maior responsável por pensar nas pessoas em uma organização, deve partir dele o primeiro passo. Acredito que, para ser gestor de pessoas, precisemos ter o pensamento crítico quanto ao que está acontecendo e, ao menos, lutar para mudar. Grande abraço!

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  2. Olá Julio! muito pertinente seu texto. Que os níveis mais altos da organização percam empatia, até posso entender... estão mais perto dos stakeholders, precisam dar resultados... O que não posso entender são pessoas de RH, de nível menos estratosférico, sem esse olhar no próximo e você foi muito certeiro quando disse que "Pessoas que, quando vestidas em seus papeis organizacionais, demonstram uma insensibilidade tremenda às emoções, ao sofrimento vivenciado por centenas, milhares de pessoas". esta insensibilidade está no relacionamento como a sociedade e aí a responsabilidade social que passa também pelo RH, torna-se somente fachada..

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  3. Muito bom Julio! Já não existe espaço sequer para uma área de RH, porque pessoas nunca deveriam ter sido tratadas como recursos.... Pessoas são o bem mais precioso de qualquer organização!

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