O poder da empatia no combate ao bullying



Uma das realidades mais duras que nossas crianças e jovens vivenciam nas escolas é o bullying, isto é, a prática de atos violentos, intencionais e repetidos, que podem causar danos físicos e psicológicos às vítimas. Apesar de, infelizmente, ainda existirem pessoas que acreditam que a busca por uma realidade de paz nas escolas não passa de mimimi, a discussão sobre o tema e a busca de novas soluções para combater essas práticas é vital para termos uma sociedade emocionalmente mais equilibrada no futuro.

Como sempre, também nessa questão temos que analisar algumas perspectivas. A primeira, por questões óbvias, é a da pessoa agredida. Com muita frequência, elas não têm confiança para contar o que está ocorrendo e não percebemos os sinais emitidos. Aliás, confiança parece ser a chave contra as agressões. Dessa forma, é vital desenvolvermos a presença e a atenção ao outro, ponto crucial para a empatia. Por vezes, frente a todas as distrações de uma vida acelerada, mal observamos as pessoas com as quais interagimos. E esse é o primeiro passo para percebermos as emoções envolvidas em uma situação. Desa forma, a capacidade de observar e comunicar abertamente seu apoio faz a diferença para quem está sendo submetido à violência.


Mas se queremos, além de proteger aqueles que são agredidos, diminuir o número de agressores, temos que começar a entender os motivos que levam alguém a se tornar um deles. Vários estudos apontam para dois grandes motivos: um que resulta dos valores passados por adultos com desvios de personalidade, e outro que é consequência do emudecimento do sistema emocional provocado pela falta de cuidado. No primeiro caso, o contato com pais, professores ou grupos próximos que nutram preconceitos leva o jovem a replicá-los de forma agressiva. Nesse contexto, o trabalho de diminuir os preconceitos por meio de ferramentas como as artes funciona excepcionalmente bem. Somado a isso, a apresentação justificada de limites a serem respeitados, uma vez que todos precisam de limites para nutrirem uma boa convivência.


O segundo caso, porém, é bem mais complexo e exige, por parte dos adultos responsáveis, a capacidade empática para, aos poucos, oferecer um ambiente no qual o jovem possa construir a confiança e, dessa forma, possa aceitar sua vulnerabilidade. Essa abordagem exige preparo por parte do responsável, uma vez que a tendência ao verificarmos uma agressão é julgar e punir, método que já se mostrou pouco efetivo. Abandonar a tendência a culpar imediatamente e praticar a compaixão, sempre preservados os limites, tem sido o modelo mais bem sucedido.


Existe, ainda, uma terceira perspectiva. E ela compreende todos aqueles que estão ao redor da situação, sabendo o que ocorre mas sem a coragem, a iniciativa de ajudar. Nesse sentido, o desenvolvimento da empatia pode ajudar a criar uma rede de proteção e apoio, onde cada um de nós recebe e oferece apoio ao outro. E caso o perigo seja demais para um grupo, esse busca o cuidado de alguém com mais poder. Esse é o grande legado da empatia e o motivo pelo qual essa capacidade existe nos seres humanos, a necessidade de ser cuidado. E não podemos esquecer nem por um momento o quanto somos, todos, vulneráveis sem essa proteção.

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